AGOSTINHO CÉSAR DE ANDRADE, GOVERNOU O RIO GRANDE DO NORTE EM DOIS PERÍODOS

terça-feira, 2 de novembro de 2021

AGOSTINHO CÉSAR DE ANDRADE

 



28º Mandatário do Rio Grande do Norte 28º (vigésimo oitavo) governante da Capitania do Rio Grande do Norte 1668 (Primeiro Mandato) 1692

Precedido por Paschoal Gonçalves de Carvalho

Sucedido por Sebastião Pimentel

 

31º Mandatário do Rio Grande do Norte 31º (trigésimo primeiro) governante da Capitania do Rio Grande do Norte 6 de julho de 1694 – (Segundo Mandato) - 6 de outubro 1694 / 1695

Precedido por GOVERNO DO SENADO DA CÃMARA

Sucedido por Bernardo Vieira de Melo

 

Era natural da Ilha da Madeira, filho de Francisco Berenguer de Andrade e d. Joana de Albuquerque. Sua irmã, Maria César de Andrade, casara-se (1643) com o polêmico João Fernandes Vieira, destacado chefe militar na guerra contra os holandeses e, posteriormente, Capitão-mor da Paraíba (1655-1657) e Capitão-general de Angola (1658-1661). Agostinho César era fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo. Comandava a Fortaleza de São Tiago das Cinco Pontas, em Recife, quando foi nomeado por patente de 7 de maio de 1688 para governar a Capitania do Rio Grande. Sua posse deu-se no mês seguinte, segundo informa VICENTE DE LEMOS: Não se pode precisar o dia em que chegou à capitania e assumiu o posto. Sua patente, que não encontramos, foi registrada, conforme Gonçalves Dias, a 28 de dezembro de 1690; mas, (a partir) da combinação de vários documentos, chega-se à conclusão de que começou a governar em junho desse mesmo ano de 1688 (1912, p. 47), indicando de novo, para consulta, o Livro II das Cartas e Provisões do Senado da Câmara de Natal. Era ele homem ativo e inteligente, e combatia sem tréguas os bárbaros, na conformidade dos seus encargos e atribuições. Notável, também, foi a participação do Capitão Afonso de Albuquerque Maranhão, um dos seus grandes auxiliares naquela quadra. Na verdade, desde o início das dissensões este se empenhava com intrepidez, reunindo por vezes às suas expensas vários combatentes e chegando a aprisionar, em dado momento, o cacique Canindé e mais nove dos seus principais. Outros atos de incontestável bravura terá cometido, tais como, entre outros, o de prestar socorro a Antônio Bento Ferreira, que viera de Pernambuco com duzentos homens e se vira de repente em apuros, depois conseguindo apreender muitas cabeças de gado no Açu, das quais se tinham apossado os índios. Chegando à ribeira do Ceará-Mirim deparou-se com guerreiros janduís, apelando então para o Capitão-mor, o qual degolou vários deles, pondo os demais para correr. Nesta empresa (Agostinho César de Andrade) teve por companheiro João de Barros Coutinho, a quem promoveu ao posto de tenente-coronel, que vagara por ter-se mudado para a Paraíba Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque (VICENTE DE LEMOS, op. cit., p. 48). Teria agido de igual modo em outras oportunidades, segundo a crônica da época, tais como numa intervenção a quatro léguas acima no curso do Rio Potengi e n’outra, em Mipibu, onde planejou, com o Capitão Pedro da Costa Faleiro, uma investida ao sertão, especialmente à Serra de Acauã, onde se concentravam perto de dois mil rebelados e algo em torno de mil prisioneiros. Para proteger os colonos, fundou dois quartéis na ribeira do Açu. Vê-se que o seu governo foi pautado, sobretudo, por ações bélicas. Aliás, manteve igual linha de conduta em seu segundo mandato (1694-1695), consoante assinala CÂMARA CASCUDO: Nas duas vezes em que administrou o Rio Grande do Norte (grifo nosso) ocupou-se em trabalhos militares, combatendo sem desfalecimento os índios que se haviam rebelado. Foi um dos grandes soldados da época, destemido e sempre pronto para agir, incansável na satisfação (no cumprimento) do seu dever (1989, p. 50). Melhorou sensivelmente as condições da capitania e, a 22 de agosto de 1692, cedeu o governo a Sebastião Pimentel. Com o falecimento deste (out., 1693), e após curta interinidade do Senado da Câmara, que se lhe seguiu, determinou o Governador-Geral, Dom João de Lencastre, em 6 de julho de 1694, que tornasse à Capitania do Rio Grande Agostinho César de Andrade, novamente como seu Capitão-mor. Não há registro preciso da data de sua posse mas é certo que a 6 de outubro do mesmo ano já exercia o cargo. Em dado momento, nessa segunda gestão, tornou-se apreensivo com os incessantes e crescentemente furiosos combates, nos quais milhares de vidas já haviam sido sacrificadas e, até então, sem quaisquer perspectivas de se chegar a um denominador comum. Em correspondência datada de 1º de março de 1695 ao Senado da Câmara de Natal, conforme consta no Livro do Registro de Cartas e Provisões (1601-1702), citada por TAVARES DE LIRA (1982, pp. 118-119), considerava ele, Agostinho, ingente a necessidade de estabelecer-se um canal de negociação com os chefes tribais objetivando a cessação das hostilidades e, consequentemente, pôr fim àquele massacre. No entanto, aparentemente de forma incompatível, pedia mais homens e armas, alegando que este gentio não se sujeita pelo amor que nos tenha, senão pelo temor do que pode suceder-lhe, aditando que, para que haja neles este, é necessário que nos vejam com as armas na mão; e aos que estão reduzidos tenho dito que me hão de dar quarenta homens para irem na tropa com os brancos, para que lá os do Açu vendo que são nossos amigos o queiram ser também. Suas idéias de pacificação, no entanto, derrocaram sob o guante da incompreensão e do radicalismo tacanho: predominava entre os colonos, e mesmo entre os de relativa cultura aqui residentes, a necessidade de aniquilar, por completo, os indígenas. O que não fez plantou, e o seu substituto o faria: passou a palma de luta para Bernardo Vieira de Melo, também um pacifista, mais uma vez não se tendo a informação da data em que tal evento ocorreu.

INFORMAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE O PERÍODO:

(1) Agostinho César de Andrade casou-se com d. Laura de Melo, e seu filho, Jerônimo César de Melo, também seria um expoente nas armas e na política. Chegou a Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Capitão-mor de Maranguape. Nasceu na Paraíba e era, inclusive, poeta.

(2) Sobre a figura de Afonso de Albuquerque Maranhão, informa VICENTE DE LEMOS: Era filho de Matias de Albuquerque Maranhão e neto de Jerônimo de Albuquerque. Natural da Paraíba, teve o foro de Fidalgo Cavaleiro pelo Alvará de 20 de dezembro de 1690. Residia na Capitania do Rio Grande, e foi por seus importantes serviços nomeado sargento-mor das entradas do sertão pelo Capitão-mor Bernardo Vieira de Melo, em 30 de dezembro de 1695, na vaga que ocorreu por falecimento de Manoel de Abreu, Capitão de Artilharia. Este capitão desde 1687 viera do Recife bater os índios sublevados (op. cit., p. 47).

 (3) Em citação no corpo do verbete, transcrita literalmente, CÂMARA CASCUDO menciona Rio Grande do Norte no período 1694-1695, o que decerto terá sido lapso do revisor. Salvo melhor juízo, o topônimo da Capitania era, então, somente Rio Grande, só passando a ter acrescido o termo “Norte” com o advento do Rio Grande do Sul, provavelmente em fins do século XVIII ou em princípios do século posterior, considerando que em 1777 a região que seria ocupada por aquele Estado era nominada Colônia de Sacramento e em 1807, com a denominação de Rio Grande de São Pedro, era elevada à condição de capitania real, segundo informa FERREIRA (2005, p. 263). Vejamos esta observação na Enciclopédia Barsa (Vol. 12, p. 118), a propósito do topônimo Rio Grande do Norte: O nome do Estado deriva do Rio Grande ou Potengi, que deságua aparatoso (no oceano), na expressão de Aires do Casal. O historiador Varnhagen atribuiu o nome à oposição a algum rio pequeno vizinho, ou ao Rio Grande do Sul.

 (4) Dom João de Lencastre (1646-1707), general e administrador colonial português, foi governador-geral do Brasil no período 1694-1702. No curso de sua administração foram descobertas minas de salitre e jazidas auríferas no território brasileiro. Governou, também, Angola e o Algarve.

FONTES LEMOS,

Vicente Simões Pereira de. Capitães-mores e Governadores do Rio Grande do Norte, 1º Vol. Rio de Janeiro: Typographia do Jornal do Cornrnércio, 1912. CÂMARA CASCUDO, Luís da. Governo do Rio Grande do Norte, 1º Vol. Mossoró: Fundação Guimarães Duque / Coleção Mossoroense, Série “C”, volume DXXVI, 1989. TAVARES DE LIRA, Augusto. História do Rio Grande do Norte, 2ª edição, com atualização gráfica do Prof. Waldson Pinheiro. Brasília: Fundação José Augusto / Centro Gráfico do Senado Federal, 1982. FERREIRA, Olavo Leonel. 500 anos de história do Brasil. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2005. Enciclopédia Barsa (elaborada sob a supervisão dos editores da Encyclopaedia Britannica). São Paulo: Cia. Melhoramentos, 1973. Personalidades históricas do Rio Grande do Norte (séc. XVI a XIX). Natal: Fundação José Augusto / Centro· de Estudos e Pesquisas Juvenal LarnartineCEPEJUL, 1999.

 

ANDRADE, Agostinho César de - Nascido na Ilha da Madeira, Portugal, o fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo, Agostinho César de Andrade, foi nomeado Capitão-mor do Rio Grande do Norte em 07.05.1688, deixando o comando da Fortaleza de São Thiago das Cinco Pontas, no Recife. Antes, governara a Capitania da Paraíba. Combateu com “grande empenho” os índios, para isso contando com o apoio de Afonso de Albuquerque, Pedro da Costa Faleiro e João de Barros Coutinho, entre outros oficiais de milícias. Para proteger os colonos, fundou dois quartéis na Ribeira do Açu. Não conseguiu extinguir os nativos rebeldes, no entanto. Melhorou consideravelmente as condições gerais da Capitania e, a 22.08.1692, cedeu o governo a Sebastião Pimentel (V. “PIMENTEL, Sebastião”, Século XVII). Pelo falecimento deste, tornaria a assumir o cargo em 06 de julho de 1694

 

FONTE: “Personalidades Históricas do Rio Grande do Norte (séc. XVI a XIX), Coordenação e redação Tarcisio Rosas. Natal: Fundação José Augusto - Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine-CEPEJUL, 1999. Pág. 41.

FONTE – FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO

Quem sou eu

Minha foto
PORTAL TERRAS POTIGUARES NEWS, MOSSORÓ-RN, COM 79 BLOGS E MAIS DE CINCO MIL LINKS. STPM JOSÉ MARIA DAS CHAGAS, MOSSORÓ-RN, 12 DE SETEMBRO DE 2018

Arquivo do blog

AGOSTINHO CÉSAR DE ANDRADE

  28º Mandatário do Rio Grande do Norte 28º (vigésimo oitavo) governante da Capitania do Rio Grande do Norte 1668 (Primeiro Mandato) 1692...